Algumas coisas... atendendo a um pedido
Já faz um tempo que a Alcina do blog Arte, Viagens e Sabores me fez um desafio, eu aceitei mas fiquei devendo a postagem. O desafio é contar aqui seis coisas aleatórias a meu respeito. Antes de começar a escrever a meu respeito eu vou explicar o que todo mundo já sabe, como funciona a lógica dos desafios. Você é desafiada e como regra deve desafiar outros. Para mim desafiar os outros é uma coisa para lá de difícil pois eu costumo deixar que o povo viva cada um na sua, sou ruim de pedir alguma coisa para alguém, seja reproduzir desafios, vender rifa ou sanduíche natural. Além disso eu detesto regras, sou desobediente por natureza. Por isso eu pensei em não desafiar ninguém mas, pensando melhor, decidi convidar algumas donas de blogs que eu curto a participarem se estiverem interessadas. No final você vai conhecer as minhas selecionadas....
Para começar a coisa mais fundamental a meu respeito é o amor imenso que eu sinto pelo Brasil ainda que nesse exato momento eu viva em outro canto. Sou loucamente apaixonada pelo Brasil, pelas coisas do Brasil, pela gente, a língua, a música, a comida, a literatura, a inteligência, a arte, a natureza e acima de tudo a mistura das raças. Sou carioca de berço, paulistana de coração e ainda tenho uma conexão fortíssima, apaixonada, com a região Nordeste e o Estado do Ceará em especial. Viver fora do Brasil é uma tortura para mim e tem me deixado literalmente doente. E é por amar muito que eu sou uma grande crítica do meu país, da elite cruel e dos governos elitistas e desgraçados que oprimiram e ainda oprimem a gente simples que faz o Brasil ser tão adorável. Se eu tivesse que nascer de novo, só poderia ser ali, na borda da baía de Guanabara, pelo menos 600 anos atrás (se dependesse de mim o tempo andaria para frente e para trás) para eu poder nascer livre, crescer nua pela mata, comendo fruta e tomando banho de rio e de mar. Sem religião, sem opressão, sem ambição, livre para bem amar.
Eu cozinho muito mais do que eu gostaria e faço isso porque sou mãe e mães devem ter como prioridade a alimentação de suas crianças. Se eu não fosse mãe não iria comer tanto em casa, ia comer muito mais em restaurantes. Ia comer açaí e sushis todos os dias, exatamente como fazia antes. Eu adoro a culinária brasileira e portuguesa (já que uma é embrenhada dentro da outra) mas amo de paixão comida japonesa e francesa. E amo os restaurantes árabes do centro do Rio e as casas de sucos para tomar açaí e suco de fruta de conde. Amo acarajé de baiana e esfira com caldo de cana na Praça Quinze. Mas tenho a língua fraca, fraquíssima e não trago pimentas. Sei que vou chocar mas dispenso totalmente restaurantes indianos e tailandeses em geral. Simplesmente não rola uma relação do bem entre eu e as pimentas e pimenta é parte inerente dessas cozinhas. O que eu não como de pimenta eu como de wasabi, pois amo a raiz forte japonesa. Amo doces, mas doces pouco doces. Café, eu bebo em baldes, sempre sem açúcar. Destesto bebidas doces, refrigerantes me causam naúsea só de cheirar, mas gosto de um tiquinho de licor. Troco qualquer prato de comida, qualquer um, por um pote de açaí batido e se tiver banana picada e granola melhor ainda. Sou neta de maranhenses que cresceram comendo açaí e eu estou certa de que o amor pela cerejinha da Amazônia veio no sangue.
Ideologicamente eu sou totalmente a favor do vegetarianismo mas eu ainda não consigo viver sem carnes. Há bastante tempo tento reduzir a variedade de animais no nossos pratos. Eu e Per amamos tudo o que é do mar, mas as crianças nem tanto. Mas a selecão de animais aqui em casa já está bem restrita. Eu amo carne de porco e de boi. Galinhas e perus comemos muito pouco e não deliro com essas carnes. Nem no Natal comemos peru. Pato eu gosto, mas não faço mais. Os outros animais que ficaram para trás são: carneiros, coelhos, veados e renas e ando querendo cortar os perus e as galinhas por aqui em breve. A questão dos hormônios e remédios dados as aves é uma coisa muito mal discutida. O problema vai ser achar alguma coisa para substituir a galinha na minha canja!!! Aqui em casa temos dois ou três dias vegetarianos por semana e um menu vegetariano bem variado. Engraçado é que nestes dias é mais o Per quem cozinha. Sim, ele também cozinha. Ele na verdade faz de tudo.
Sou uma grande debochada. Eu faço piada de tudo e de todo mundo e as vezes eu temo pelos que não me entendem. Difícil entender que certas pessoas preferem fazer graça a sofrer com as coisas. Depois que o Bussunda morreu eu me desesperei ao pensar que o meu modelo tivesse entrado em extinção e que ninguém mais iria entender meu senso de humor. Preciso declarar que a maior vítima das minha piadas sou eu mesma, eu estou a rir de mim o tempo todo. Mas reconheço que o deboche está muito por baixo em tempos politicamente corretos já que passou a ser visto mais como provocação ou agressão. Eu acredito no poder do riso e do bom humor. A maior parte das pessoas que eu conheço prefere viver tragicamente, encenando dramas e convidando à compaixão. Eu vivo para achar graça nas coisas e rir, principalmente das minhas tragédias e achar os meus caminhos com o coração leve.
Sou extremamente política e defendo uma postura crítica em relação a tudo. É na crítica política que eu encontro o melhor espaço para usar o meu senso de humor. É melhor rir do que chorar. Talvez, por ser crítica demais, eu tenha naturalmente descambado para a ironia. A ironia como método crítico. Na base do meu pensamento crítico está uma lógica muito simples. Eu acho que as coisas não acontecem por acaso, que não existem fatos isolados, acredito que tudo é parte de um processo e que as coisas estão todas relacionadas. Os fatos das nossas vidas ou detonam processos ou são partes de um processo mais longo. Não sei se é porque sou historiadora, ou porque acredito na psicologia, mas eu dou grande importância a longa duração e coloco tudo em perspectiva histórica. Eu vejo a vida como um filme e não como uma fotografia que representa apenas a realidade de um momento isolado.
Eu e meu marido somos ateus e vivemos uma vida totalmente alienada de religião. Precisei romper com os círculos de proteção reproduzidos pela minha família para viver de acordo com o meu próprio ponto de vista. Acho que o mundo inventado pelas religiões é um grande equívoco, marcado por vontade de poder, ódio de todos as naturezas e causa de praticamente todas as guerras. Eu acho que só num mundo livre de religiões os seres humanos serão verdadeiramente livres para se amarem mais, para acreditarem mais em si próprios e em seu próprio poder de transformção. É só através de muita autoestima e amor próprio que se pode chegar ao bem comum.
Eu sei que todas essas moças são todas muito ocupadas, mães em sua maioria, e que talvez já tenham respondido a este desafio. De qualquer forma, eu as listo aqui porque adoraria saber mais sobre elas:
Heloísa, uma vovó ultra moderna e cheia de atitude do Blog da Vovó... mas não só que é um blog cheio de afeto, de carinho e é contagiante;
A Isabel do blog Vai Melhorar que além de ser uma mulher provocadora e cheia de opinão tem a melhor seleção musical dos blogs pela aí (depois da minha, claro!). Eu fico longas horas com uma janela do meu Netscape aberta no blog da Isabel só ouvindo a seleção musical dela...
A Claudia do blog Eu Crio a Minha Vida que é irmã da Isabel e que provavelmente não vai ter tempo para este desafio, mas está convidada mesmo assim... Minha xará sofre, como eu, para organizar a vida profissional com a de mãe de crianças pequenas enquanto sobrevive aos dias frios nesse velho continente...
A Nina do blog Menina de Cachos é uma catarinense sensível e corajosa que, como o personagem do pai do filme A Vida é Bela,está disposta a refazer o mundo para a sua menina, puro amor;
A Maria Lucia do blog Lucia Campos Virtual uma mulher incrível que adora fazer arte com imagens e cujo lema é parecido com o meu: "Em construção. Em desconstrução. Em reconstrução". Adoro ver as coisas que ela está plantando nesta rede.
E claro, finalmente, precisava incluir nesta lista uma madame que virou quitandeira recentemente e que é uma das sensações da blogosfera em português. Glauzinha é um sucesso de bilheterias, uma mulher moderna mas cheia de atributos que nunca saem de moda!!! Intelgente, bem humorada ela é contagiante. Nunca é demais ler sobre a Madame Glau.
Alcina, toma lá que este foi um pedido teu. Garotas, o convite está feito mas sintam-se a vontade.
Créditos: Mapa do Brasil de 1556 reproduzido de livro da Agência Nacional de Águas; foto de gravura medieval do mercado norueguês de peixes tem reprodução livre; foto de Bussunda é foto de divulgação do filme Seus Problemas Acabaram e tem reprodução livre. O logo do Copyleft e o logo A do movimento Ateísta têm reprodução livre.
Comentários
A sua resposta ao meu desafio está o máximo, você caprichou mesmo.
Gostei de conhecer você mais um pouco.
Substituto para a canja é dificil:-)só se fizer um galinheiro no jardim para criar galinhas biológicas:-) rir é bom dizem que é mesmo o melhor remédio.
Já sabia desse seu amor ao brasil pelo que venho lendo por aqui, mas a maneira como você a escreveu aqui vem incendiar mais a minha vontade de conhecer esse pais, que se não houver nada em contrário será em já maio. Você disse se nascesse outra vez seria no brasil, eu se algum dia nasci noutra época deve ter sido lá, porque adoro tudo que vem de lá começando pela musica, que é quase só o que eu ouço.
Obrigado por ter respondido ao meu desafio dests maneira tão sincera.
Bjinhos
Beijinho! ;)
Está quase uma auto-biografia, não?
Obrigada por ter lembrado de mim.
Logo enfrentarei seu desafio, mas preciso ver se ele não é meio semelhante a um que recebi da Gina do blog nacozinha. blogspot.com. Daí, de repente, "mato dois coelhos com uma cajadada só".
Gostei muito do post.
Beijos
Adorei o seu post, está lindo, e foi muito bom conhecê-la ainda melhor.
Beijos.
Muito legais as suas colocações, nada como a gente ser o que se é!
Eu moro fora do Brasil há quase 12 anos e isto representa um grande alívio para mim.
Pensar em voltar me cria até um desespero. Eu acho que cai lá por puro engano.
Eu ainda não comecei a viver a vida que desejo por aqui, mas espero que eu consiga. A esperança é mesmo a última que morre!
Bjs :)
Também detesto a ideia de comer carne, mas não consegui dar o passo de cortar completamente, ainda não consigo passar sem um franguinho, um peruzinho e um porquinho. Cortei com alguma carne. Só como borrego, pato ou coelho se for obrigada (para não fazer desfeita a ninguém).
Em relação à religião, também dava um papo longo, muito longo. Eu sou cristã, gosto da mensagem de Jesus. Mas tive muitas crises de fé e continuo a ter. Luto muito com Deus. Mas concordo que a religião provoca muitas guerras e muito ódio, acabando por ter uma função contrária à que deveria. Acho que um dia talvez venha a ser agnóstica, mas amando a mensagem de amar o próximo como a si mesmo de Jesus.Ai, este comentário já vai muito longo...
Vou responder ao teu desafio logo que possa. Que bom que gostas do som do meu blogue.
Bjs
Li todo teu texto, de cabo a rabo... e adorei saber um pouquinho mais a teu respeito. Me identifiquei contigo em alguns aspectos - especialmente o de rir de tudo, ser debochada, e ao mesmo tempo crítica/irônica... procuro rir dos acontecimentos (especialmente de mim mesma) a ficar sofrendo feito mocinha de novela mexicana... afinal, o tempo é curto e a vida é para ser vivida, intensamente!!
Bjo grande, e ótima semana
Mari
Acho que os portugueses devem sentir algo mais pelo Brasil sim, assim como os brasileiros sentem algo mais por Portugal. Somos um povo que se dividiu mas que já foi um no passado. Nossa cultura é muito semelhante ainda que Portugal sinta o peso que tem alguns milhares de anos de história.
De um jeito ou de outro nossas conexões se reafirmam e nossa língua portuguesa comprova isto!
Foi legal escrever esta postagem, especialmente num domingo gelado...
Leonor,
A admiração é mútua. Sou sua fã de carteirinha! Obrigada!
Helô,
Você nem imagina, minha autobiografia vai ter 800 páginas...
Faça isso, coloque os coelhos todos numa panela só! Beijos!
Claudia,
Obrigada! Tomo seu tempo e quando estiver disposta abra-se um pouquinh por aqui. Me fez bem pensar em mim e escrever aquelas coisas....
Clauzinha,
Acredito nisso que você falou. O seu lugar no mundo é onde você escolheu viver e não onde o acaso te colocou... A gente escolhe o que quer, ainda que não seja sempre uma decisão fácil, né? A vida longe de casa pode ser bem difícil mesmo quando é isso que se quer. Não desista nunca! Beijos.
Isabel,
Jesus é um cara muito simpático, gosto muito dele mas ele não tem nada a ver com religião, nem com Deus. Sabe aquela coisa de amor e casamento ou de sexo e amor. Casamento não tem nada a ver com amor. Casamento é casamento e amor é amor. Nem todo casamento é por amor. E amor não tem nada a ver com sexo ainda que sexo tenha tudo a ver com amor. Deu para entender a minha lógica?
O Brasil é de todos nós!!!! Beijos.
Mari, novela mexicanas só como piadas!!! Não é mesmo?
Beijos,
C.
Foi muito legal ler o seu post e poder conhecer você um pouquinho mais além de suas aventuras culinárias - as quais admiro muito - e sentir que vc abriu seu coração e sua mente para os visitantes do blog.
Sinto-me honrada com seu convite e aceito com prazer a oportunidade de escrever a meu respeito.
Kisses
Kisses
Eu acho tão doido isso.. duas pessoas que nunca se viram e se gostarem tanto..
Minha nega, como sempre te falo, vc tem o dom da palavra! qdo leio seus textos parece que estou ao lado, dando risada com vc, vendo a sua expressão.. até o cheiro da sua casa eu sinto! Pode?
Convite aceito!
Amei o nome "selecionada".
To sem meu cpt e assim que puder, postarei!
Um beijo grande, Glau
Chorei ao ler sua postagem e mais ainda quando li o que vc escreveu sobre mim!
Obrigada!
Eu estou com a vida muito corrida, mas prometo responder assim que der!
beijos muito grandes
(em tempo, eu nasci em São Paulo, mas tenho a alma caipira e o coração carioca!)