Mais chocolate norueguês e pão com manteiga




Tivemos sessão comilança já que a tarde chuvosa não convidava para mais nada. Para começar um chocolate Freia com figos e amendoas. Um chocolate especial feito com chocolate ao leite (40% cacau) com figo caramelizado e amendoas que é lançamento da Freia. Eu achei uma delícia, as amendoas crocantes e o perfume inconfundível do figo seco.

Freia
é a fábrica de chocolate mais antiga e tradicional da Noruega, proprietária dos principais produtos de chocolate deste país. O chocolate e o cacao em pó Regia seriam equivalente do famooso 'chocolate do padre' no Brasil, tamanha a popularidade destes produtos aqui. A Freia também produz o Bis daqui, que chama Kvikk Lunsh e é um biscoito wafer coberto por chocolate ao leite mas maior do que o nosso Bis. O Kvikk Lunsh é o chocolate mais vendido do país, é o chocolate da caminhada norueguesa (caminhar pelas montanhas é a atividade mais importante na vida de um norueguês) e ninguém saí de casa sem uma barra de Kvikk Lunsh A Freia ainda produz o Dronning Sjokolade que é a barra de chocolate para derreter e tradicionalmente usada em receitas de bolo, coberturas, mousses etc..





Há uns anos atrás, para tristeza de muitos, a Freia foi comprada pela Kraft. A Kraft andou arrematando algumas das fábricas de chocolates mais tradicionais do mundo como parte de um projeto de diversificação para trabalhar a imagem negativa. No Brasil compraram a Lacta. Na Suécia a principal fábrica de chocolate de lá, a Marabou, assim como a Tobler, a dona Toblerone da Suiça, a Côte D'Or da Bélgica e por aí vai. Eu vejo com imensa tristeza estas aquisições todas e temo profundamente pelo futuro desses chocolates.



Desde que mudei para cá que eu não me excitava com nenhum lançamento da Freia pois, eu assumo, sou muito crítica da Kraft e meu paladar é muito político. Ou seja, eu não vou contra as minhas ideologias facilmente. Não é novidade para ninguém que tô na luta para reduzir o poder das grandes corporações e principalmente das grande indústrias alimentícias, na vida das pessoas. A Kraft é uma empresa do grupo Phillip Morris, cujo principal produto até pouco tempo eram cigarros. A Kraft é resultado do esforço da Phillip Morris em diversificar sua presença depois que a indústria de cigarros passou a ser bombardeada como vilã no mundo todo.

Nos anos 90 cheguei a participar de uma campanha mundial de boicote a Kraft, pedindo as pessoas que não comprasse comida de uma fábrica de cigarros. E até hoje evito produtos Kraft diariamente, assim como produtos de outras grandes empresas que acredito causam grande estrago ao mercado de alimentos.

Mas, apesar de tanto esforço, o poder das grandes corporações cresceu, e ainda cresce, diariamente e a cada dia fica mais difícil combater os abusos cometidos por estas empresas.

A venda de empresas familiares seculares ao redor do mundo para a Kraft dá a esta empresa, por exemplo, poder para negociar o cacau na África e na América Latina a preços aviltantes para o produtor. Uma concentração que ameaça a qualidade do chocolate em todos os sentidos punindo consumidores e produtores de cacau acima de tudo.

Mas isto é um papo bem mais longo




Pão com manteiga

Ontem eu achei uma massa de brioche que estava esquecida no congelador e deixei descongelando na geladeira para assar hoje. A massa não fui eu quem fiz, mas o Per Olav. Ele é fantástico para fazer pães e eu ainda não me encontrei com pães. Assim, amo comer pão, amo mesmo. Mas é o tipo da coisa que prefiro comer o dos outros. A massa desse brioche é receita do Olivier Anquier, com quem o Per Olav aprendeu a fazer brioche a meu pedido. Como eu sou uma grande comedora de brioches achei muito justo pedir para ele aprender a fazer brioches já que aqui, neste canto do país dele, não há brioches grandes e em recheio (do jeito que eu gosto). A padaria francesa de Trondheim, que não pára de crescer, vende apenas o pequenino e recheado, do jeito que os noruegueses gostam.




Per aprendeu a fazer brioches e os faz sempre que eu peço. Tem mais do uma receita de brioche no site do Olivier e se alguém estiver interessado o link para os programas estão aqui

Existe uma infinidade de receitas de brioche pela aí, mas nem todas com as características que eu aprecio. Eu gosto do brioche tipo pura manteiga e bem amarelinho de tanto ovo. Do jeito que o Olivier faz e que eu comia na padaria dele em São Paulo, antes de fechar. A receita dele tem o mesmo sabor do brioche que ele produzia na padaria de São Paulo e que, de acordo com ele, é a mesma da padaria da família dele (a mãe é padeira na Austrália). Receita do tipo 'chumbo grosso': 600 gramas de manteiga e 12 ovos para cada quilo de farinha. Daí a textura e o sabor maravilhoso.




E como estávamos em casa esperando a hora do jogo. Estela vai jogar handball as 19:00 (muito tarde!) e estávamos de bobeira no maior não faz nada resolvi assar brioche. Ela chega bem cansada da escola e aí eu deixo ela desenhar, brincar de boneca e comer em paz para ela dar uma relaxada antes de ir jogar. Enquanto isso eu me ocupei na cozinha.

Mas eu apenas abri a massa que estava congelada, cortei em duas partes, coloquei na forma untada, deixei descansar, pincelei gema, fiz os cortes na superfície do brioche e assei. O pão do jeito que eu gosto, mais baixinho, pois eu abri a massa um pouco mais para ele não crescer tanto. É que da última vez que eu assei o pão ficou meio cru no meio e muito moreninho demais por fora. Como o Per Olav não estava aqui e eu fiquei com medo de repetir o erro, resolvi abrir a massa e cortar em duas para fazer um pão mais baixo. E ficou ótimo, assado no ponto, com cor linda, aerado, amanteigado e com sabor e perfume característicos.


Até que eu não sou a pior padeira do mundo quando se trata de assar massa de pão feita pelo marido e congelada.

Comentários

Claudia,
Quero chocolate!
Estou com você. É um pena o poderio das grandes corporações, que vão se apropriando das pequenas empresas e passam a mandar no mercado.
Quanto ao pão, adoro pão caseiro. Mas o brioche, embora delicioso, me deixa meio à distância. Muita caloria, não?
beijos

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