Uma viagem


(O farol, marca registrada de Hirtshals, cidadezinha de espírito cearense no norte da Jutlândia, Dinamarca)


Nossa viagem de férias foi ótima, um tanto exaustiva, mas ótima. Foi uma viagem adulta, Per e eu pudemos ficar sozinhos por alguns dias, circular por cantinhos pequenos de diversos países e tentar aproveitar a difícil separação das crianças. Preciso assumir que não é fácil viver sem as crianças. Sofremos um pouquinho a ausência da prole mas soubemos aproveitar. Ficamos nas "perifas" das cidades, já não gosto mais de grandes cidades, além disso acho que a gente conhece mais um país ao conhecer os cantos mais profundos dele.



(Estelinha se diverte diante da linda praia, mas fria, no mar do norte, em Hirtshals, Dinamarca)

Delícias i.e. os pontos altos da viagem:


* Viajar de carro e de navio é tudo de bom. O "chegar" por terra oferece aos viajantes uma perspectiva totalmente diferente dos lugares, a chegada vai acontecendo aos poucos, vai-se entrando nos lugares lentamente, fazendo o reconhecimento, identificando, uma aproximação suave e eu amo isso...

* Bob, o nosso amigo GPS que nos ajudou imensamente a fazer desta uma grande viagem de carro, sem ele a viagem não teria sido possível.

* Dentre os seis países por onde passamos alguns estavam sendo revisitados, Per e eu escolhemos a Suíça como o nosso favorito, especialmente a cidade de Neuchâtel. Guiamos milhares de quilômetros para chegar até a Suiça onde havíamos depositado nossos planos mais ambiciosos e, felizmente, nossos esforços foram totalmente justificados. Saímos de lá querendo ficar, saímos porque precisávamos ir embora, mas deixamos Neuchâtel e Berna com planos para uma nova viagem de carro até lá com as crianças.

* O camping numa praia de água morna a beira do lago Neuchâtel em Colombier, na região de Neuchâtel conhecida como região do lagos (do três lagos) foi o "cantinho" eleito campeão desta viagem.



(Praia que fica diante do camping onde ficamos em Hirtshals, Dinamarca)


* O segundo lugar mais legal da viagem foi Hirthals que o Per já conhecia, mas de outra maneira. É cidadezinha-mini no extremo norte da Dinamarca, uma região desse país que eu até então não conhecia: a Jutlândia. Entre Amsterdam e Hirtshals (de onde pegamos um navio para Larvik, sul de Oslo) cruzamos de carro toda a lindíssima região da Jutlândia, Jylland em norueguês ou Jutland em inglês. Ficamos tentados a adiar a viagem e ficar mais uns dias e mas o nosso menininho estava chegando de viagem e nos esperava em Oslo...

* O camping de frente para uma das muitas e belíssimas praias na costa da Dinamarca no Mar do Norte em Hirtshals. Aquela região toda é cercada por praias longas e lindas de areia branca e marcadas por dunas e muito vento (toda região de duna de areia tem consequentemente muito vento). Enfim, esta região é uma espécie de "Ceará dinamarquês". Ceará dinamarquês? Eu vejo o Ceará em todos os cantos, increditável, mas é isto mesmo.



(Per foi o único que se aventurou a molhar os pés nas águas frias do Mar do Norte, eu e Estelinha ficamos orgulhosas dele!)

* Fomos totalmente surpreendidos e seduzidos pelas belezas e delícias de umas vilinhas mínimas no interior da Bélgica, região entre Aachen (Alemanha) e Liége (Bélgica) e toda a região da fronteira da Bélgica com a Alemanha é uma delícia. Um achado maravilhoso do nosso amigo Bob, o GPS.

* A comida na Suíça foi surpreendentemente superior em todos os sentidos. Comemos melhor na Suíca do que em todos os outro países por onde passamos. Por exemplo, em Berna comemos numa cantina italiana de aparência simples mas que nos serviu uma comida fantástica, de tirar o fôlego, pena que naquele momento não pudemos beber nada pois íamos pegar a estrada...



(Berna, cidade deliciosa para visitar, boa de ver, de andar e de comer. Foi a cidade revelação da nossa viagem)

* A cidade de Berna merecerá mais atenção na nossa próxima viagem à Suíca, que há de acontecer. A cidade é linda, cheia de gente interessante e locais ótimos para comer. Foi mais uma revelação da viagem, uma surpresa que não esperávamos. Berna é tudo o que Trondheim poderia ser, mas ainda é menor do que Trondheim. Inacreditável. Amei Berna!

* Dinamarca e Suíça foram as melhores estradas para dirigir. Eram "confortáveis", seguras, bem sinalizadas, bem conservadas e gratuitas com ótimos serviços e informações. As estradas suícas, como as alemães, oferecem grande variedade de opções para alimentação, ponto importante para quem viaja de carro, mas os restaurantes e lanchonetes suiços eram de boa qualidade enquanto os alemães, bem, eram postos de gasolina apenas.


(O relógio de Berna, num contraluz fortíssimo e difícil de registrar)


* Damascos vendidos em barraquinhas de camelôs em toda a Suíça, desde a "perifa" de Basel, na fronteira com a França até Berna a Suíça era só damasco.

* Picolé de maracujá produzido pela Unilever da Alemanha com a marca do coração (a mesma marca que a Unilever estampa nos sorvetes da Kibon desde que comprou essa sorveteria) devorado como iguaria num posto de gasolina na "perifa" de Hannover onde nos recuperamos das horas de tortura sob o sol. O que pode ser melhor do que um picolé de maracujá num posto de gasolina fuleiro para espantar o calor?



(Praia do camping em Colombier, Suíca, no fundo a vila de Neuchâtel)


Micos i.e. pontos baixos:



* A muvuca de Amsterdam. Nós detestamos a experiência de acampar em Amsterdam. Queríamos experimentar o lugar mas acabou sendo o pior camping que eu já coloquei meus pés e olha que eu já passei por muitos campings bagaceira nesta vida. Apesar de ficar dentro de um parque lindo o espírito do lugar era péssimo, gente esquisita, gritando, sujo, sem iluminação adequada, sem solo adequado, nada incluído no preço, donos nem aí, parecia um inferno mas felizmente fomos resgatados dali por um casal de amigos mineiros quando íamos para outro camping mais fora da cidade.

* Um incêndio na floresta no interior da Alemanha nos deixou presos num engarrafamento por mais de tres horas na estrada na periferia de Hannover e sob um inacreditável sol de 40C. Acreditem: fez 40C na Alemanha e fui passar filtro solar para aguentar o trânsito! Conseguimos fazer um retorno depois de horas e voltar para Hamburgo, de onde tinhamos saído, para de lá pegar outra estrada em direção a Bremen e Dusseldorf.




(Vinhedos e fonte em Eguisheim, região do Alto Reno na Alsácia onde ficam as ruínas dos Trois Chateaux, os três castelinhos medievais no alto do morro)


* As auto-estradas alemãs confundidas com pistas de corrida onde praticamente não há fiscalização (muito pouca), não há limite de velocidade real e há mais caminhões do que em qualquer canto do planeta. Um inferno aquilo ali. Na volta nós preferimos pagar os pedágios caríssimos das estradas franceses a cruzar a Alemanha de novo. Quando precisamos entrar na Alemanha pedimos para o Bob nos guiar por vias secundárias...

* Pedágios escorchantes nas estradas francesas e norueguesas, um absurdo, para não chamar de roubo.

* Depois dos 40C graus de Hannover no nosso primeiro dia na Alemanha só pegamos dias frios, nublados e chuvosos em praticamente todos os lugares por onde passamos. Excetuando-se dois dias de sol na Suíca, de calor ameno, o verão ficou mesmo no sonho.

* Frio e chuva em toda a região da Alsácia, Lorena e Champagne na França onde passamos a maior parte da nossa viagem e em toda a Holanda. Saímos da Noruega com chuva e temperatura de 13C, circulamos pela Europa central com tempeatura média de 15C e muita chuva e quando voltamos para a Noruega a temperatura em Oslo marcava 13C e chovia muito. Triste, mas verdadeiro.



(Dia de "verão" em Estrasburgo, região do Baixo Reno na Alsácia, França)


Muito curioso:


* Surpreendente a proliferação de milharais em toda parte da Europa central. Inacreditável e me leva a pensar no propósito de produzir tanto milho que deve ser todo transgênico. Nem no interior do Brasil tem tanto milharal. Em toda a Alemanha, na França, na Holanda, na Bélgica e até no sul da Dinamarca as plantação de milho se destacam na paisagem. Havia muito mais milho do que trigo e centeio por exemplo. Na França os vinhedos e as ameixeiras da Alsácia estão literalmente espremidas entre as montanhas e os milharais. Também havia milho na Suíça, em menor número, mas havia.

* Apenas na Suíça vimos batatais lindos, imensos e uma grande variedade de fazendas de frutas e legumes orgânicos que eram vendidos em barraquinhas de feira na beira da estrada, exatamente como nas estradas brasileiras, uma graça.

* Na França não foi possível encontrar muita fruta ao redor dos campos e na Alsácia não vimos nenhuma barraquinha vendendo as tais ameixas amarelas "mirabelle". Alguns moranguinhos de mercado nas cidades e olhe lá. Mas nos supermercados eu vi muita produção orgânica e tudo custando o mesmo preço que os produtos da agricultura convencional, muito interessante.

* Os suíços na região da fronteira com a França que não falam nem francês, nem inglês, só alemão. Já em Berna, onde a língua é o alemão pude me comunicar em francês sem problemas. Que passa?



(Vila de Gruyéres na região do mesmo nome na Suíça, além do queijo que leva o nome da região eu também comprei este doce de leite suíco para experimentar, mas ainda não abri, depois passo o meu veredito)

Comentários

Cininha disse…
Isso é que foi uma viagem e tanto, mulher corajosa, passar tanto país e kilometros.
Adorei as fotografias, essas paisagens da suiça são lindas, eu ainda não conheço, mas conheço algo da frança e encontro algumas semelhanças.
Concordo com você que é muto bom chegar aos destinos de carro, de avião deixam-nos no meio do betão e não vemos nada da paisagem e nessa é que está muito do encanto dos paises.
Já fiz dois cruzeiros e uma coisa que fiz em quase todos os portos foi ir vêr a entrada nas cidades da varanda do navio, mesmo de madrugada.
Resumindo viajar é tudo de bom :-)
bjs
Claudia disse…
Alcina,

Para quem já cruzou o Brasil de norte a sul de carro a Europa central não é nada. A Suíça a gente cruza inteira em menos tempo do que estado do Rio de Janeiro que é talvez o menor do Brasil. Eu adoro dirigir e adoro circular por terra e foi tudo ótimo. Se não fosse a chuva que não deu sossego. Precisávamos ter ido mais para o sul mas como precisávamos pegar a Estela em Amsterdam não deu para descer tudo o que desejavamos. Na próxima vez a gente chega mais ao sul, quem sabe Portugal!

Eu adoro cruzeiros também e principalmente as entradas nas baías e portos, como você!

Bj,

C.
Claudia Lima disse…
Viajar assim, pelo interior, é realmente muito mais interessante do que só ficar naquelas rotas cheias de turistas.
Eu só conheço um pouquinho de Paris na Europa e olhe lá. Um dia, espero poder viajar por outros países e matar a minha curiosidade sobre tantos lugares.
O fato dos países serem tão pequenos ajuda muito, não é mesmo?
As fotos estão lindas. Aquela com o barquinho passa uma sensação incrível de paz e quietudade.
Através de vc pudemos viajar um pouquinho tb. Obrigada por partilhar.
Bjs e bom retorno! :)
Isabel disse…
Adorei "viajar" por essa Europa fora através das suas fotos e dos seus relatos. Gostei principalmente das praias dinamarquesas, amei a paisagem.
Bjs
Claudia disse…
Clauzinha,

Não há de que. Se vier pela Europa precisa passar por aqui, viu? Não esqueça!

Isabel,

As praias daquela região da Dinamarca são o máximo, mas frias.

Beijos,

Cláudia
Cláudia Marques disse…
Ai, aaaaii (isto é um suspiro enoooormeee...) :))

Ai que lugares maravilhosos, Cláudia! Só mesmo a chuvinha pôde tirar algum encanto à viagem, mas não me importava nem com o frio! Gosto muito de um calorzinho, mas para suportar os 40 e tantos graus que tivemos por aqui, acho que preferia mil vezes passear por esses países mais "fresquinhos"...
Tida disse…
Claudia,
Feliz regresso.
Que imagens maravilhosas essas da sua viagem! Viajei por todos estes lugares, me embasbaquei diante de tanta beleza!
Esse doce de leite deve ter um leve sabor abaunilhado, eu acredito que seja como os argentinos. Depois você vai dizer, né? Fiquei com água na boca.
Bjs

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