Bolinho de amêndoas, coco e framboesas, sem gluten, sem farinhas, sem açúcar (frutose) e sem leite





Cozinhar sem açúcar é um desafio e um risco pois o açúcar, além de deixar tudo muito mais gostoso, é um ingrediente poderoso em muitos aspectos e ainda deixa tudo muito mais simples. Quer uma sobremesa rápida? Adicione açúcar a claras de ovos e faz suspiro, dois ingredientes. Adicione açúcar a gemas e faz quindim, adicione no leite e faz manjar, pudins, doce de leite e um mundo de coisas. Na hora de retirar o açúcar, além da alteração nítida de sabor, há a alteração de consistência, textura e, claro, de satisfação. Na nossa civilização brasileira, moldada em açúcar, tudo parece mais difícil, mas não é. Mas também não é fácil, requer vontade e algum treinamento. Mas eu acho que o maior desafio é a reeducação do paladar e, nessa hora, é o cérebro quem deve comandar e não a boca, se é que vocês me entendem. Se livrar do doce deixando de lado o açúcar e seus substitutos danosos é o ideal. Mas se você, como eu, precisa de um docinho de vez em quando, por que não experimentar receitas menos doces para tentar reeducar seu paladar e seu cérebro?




Mas nem tudo é simples no que diz respeito aos substitutos do açúcar e eles podem ser extremamente tóxicos e causar uma série de complicações digestivas já que a maior parte deles não é absorvido pelo organismo. Apesar de evitar usar substitutos de açúcar (quando eu desejo comer um doce, eu vou comer um doce de verdade, sem culpa, para exercitar meu controle e o prazer) eu reconheço que um monte de gente não consegue e que os substitutos são uma alternativa. Cada um decide o caminho que pode e quer trilhar. O problema do uso excessivo de adoçantes e afins no dia-a-dia é que você não quebra a dependência do açúcar, apenas transfere para outra coisa doce. O ideal é não comer açúcar nunca, só muito de vez em quando, em situações super especiais, de festa e de celebração e não usar substitutos como paleativos. E controlar a todo custo a entrada do açúcar na sua casa para reduzir os riscos. Mas, para aqueles que, como eu, gostariam de experimentar uma bolinho feito sem açúcar, com um substituto diferente, eu recomendaria esta receita de hoje.






Esta receita eu encontrei acidentalmente no blog de uma moça que também parou com açúcar. A receita original sugere natvia, um adoçante que é uma mistura de stevia com eritritol, cujo resultado é mais doce do que açúcar. Eu usei eritritol puro, bem menos doce do que açúcar. A receita dela me interessou pois é uma espécie de financier sem farinha e adoçado com stevia. Eu adoro financiers, a consistência dos bolos assados com farinha de amêndoas. Mas eu fiz diferente. A receita original leva stevia, manteiga e amêndoas raladas. Eu usei manteiga de coco, óleo de coco e leite de coco, tudo num bolo só. E ao invés de amêndoas em lascas eu usei lascas de coco secas e framboesas congeladas do meu jardim, e lá se foram as últimas framboesas do verão passado. Renderam pacas e eu uso todas, sem perder para nada.

Mas, o que torna este um bolo sem açúcar, é o uso do eritritol, um um poliol ou polialcool. Há uma infinidade de poliols e uma grande parte deles é usada na indústria alimentícia maltitol, xylitol, sorbitol, eritritol em produtos de baixa caloria. Os poliols em geral não são tão doces como açúcar, a intensidade de doce varia e em geral eles contém menos calorias do que o açúcar (sucrose) e merecem uma postagem só para falar deles. Mais uma postagem que vou ficar devendo...





Bolinho de amêndoas, coco e framboesas

(sem açúcar, sem gluten, sem farinha e sem leite)
Receita original encontra-se aqui


4 dl de farinha de amêndoas (amêndoas moídas até formar uma farinha fina)
50 a 60g de eritritol em pó
2 ovos grandes
100 gramas de manteiga de coco
100 a 150m ml de leite de coco
2 dl de framboesas frescas ou congeladas
1 colher de chá de fermento em pó
lascas de coco seco ou fresco ou lascas de amêndoas
1 colher de chá de baunilha em pó


Como:


Bata bem o eritritol com a manteiga de coco até formar um creme. Adicione os ovos em temperatura ambiente e misture bem. Por fim adicione a farinha de amêndoas, o leite de coco, a baunilha e o fermento em pó. Coloque numa forma baixa pequena forrada com papel manteiga. Coloque as framboesas, enfiando pelo menos metade da superfície delas na massa. Salpique com lascas de coco seco ou fresco. Leve ao forno por 30 a 40 minutos, ou até que as bordinhas estejam douradas e um palito enfiado no centro do bolo saia seco. Sirva frio com creme de chantilly batido sem açúcar.



(O bolo antes de assar)


(Bolinho já assado)


Sugestões:

Não use substitutos de açúcar regularmente. Eles são menos calóricos do que açúcar, mas não quer dizer que não sejam calóricos.

Substitutos do açúcar em geral não são absorvidos pelo organismo e podem causar diáreias, dificuldade para digerir e ou algum tipo de indigestão e dor de barriga.

Se você, como eu, deixou de comer açúcar para se sentir bem e não precisa controlar o nível de açúcar no sangue, nem deseja emagrecer, eu diria que dá para comer um doce de verdade de vez em quando sem problemas. O problema é o descontrole, é o todo dia. E, principalmene, o problema é o excesso de frutose escondida por trás dos panos dos alimentos...


Comentários

NeusaMarilda disse…
Adorei a receita.pelo visto é saudável e muito gostosa.Abraços.
Claudia Lima disse…
Este bolo ficou com um aspecto maravilhoso!

Eu uso açúcar, mas o mínimo possível. E isto requer uma grande pesquisa de receitas, mas vale a pena.

É importante reeducar o paladar. Não há porque usar tanto açúcar nas receitas de todo dia.

Bjs :)
Anônimo disse…
Cara Cláudia,

acabo de tirar do forno e devorar a primeira fatia. Ficou delícioso. Estava com essa receita na cabeça. O tempo passava e a receita me voltava a cabeça. Segui sua receita ipsis litteris. Isso de seguir receitas é muito difícil para mim. Portanto, foi como um marco em minha vida. Quase doloroso, confesso, mas me coloquei essa resolução. Por não seguir reiceitas, as vezes tenho gratas surpresas, mas muitas vezes grandes decepções. Isso de que o processo criativo surge do gênio isolado não passa de uma bobagem, toda criação é sempre coletiva em certa proporção. Claro que a originalidade existe e requer reclusão e individualidade para transformar elementos e dar-lhes uma nova roupagem, um novo uso, um novo contexto. Enfim, o exercício da particularidade é importante também, mas nunca o mais importante do processo todo. Da próxima vez, vou fazer meia receita de farinha de amêndoa, meia de farinha de quinua, e ver se o desvio é original ou desastroso.

Saudações,

Ricardo
P.S. Acho muito generoso da sua parte escrever esse blog.
Claudia disse…
Ricardo,

Obrigada pelo comentário gentil.Mudar receita pode ser atividade de risco, já mudei coisas que ficaram desastrosas, quase inacreditável. Mas outras vezes, quando você já fez a receita original diversas vezes e sabe bem alguma coisa que pode ser mudada e melhorada, por que não? Mas é um bolo polêmico, pouco doce, que precisa mastigar bem... eu gosto, mas não é para todo mundo.

Abraços,

Claudia
Socorro Cunha disse…
Boa tarde Cláudia! Adorei a sua receita e gostaria muito de faze-la com o Eritritol, mas já tentei comprá-lo e a resposta que obtive é que no Brasil ele não é comercializado no varejo, só é vendido a partir de 300 kg para empresas alimentícias :( tristeza total. Você poderia me informar onde e como conseguiu comprar? Grata!

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