Meu Angu com Molho de Carne Moída: Mas Chame de Polenta se Desejar...
Vou entrar fazendo uma declaração radical. Eu não tenho paciência para produzir fotos de comida. Zero disposição para produzir e fotografar. Com fome então, nem se fala, simplesmente não consigo. E este é o principal motivo pelo qual eu raramente publico pratos salgados neste blog. Eu cozinho para a minha família e, consequentemente, é difícil cozinhar e fotografar antes de servir jantar. Está todo mundo com fome, eu inclusive, não dá para esperar. Mas eu estou tentando mudar isso já que estou tentando dar uma nova direção a este blog. Ainda que o cardápio salgado seja muito simples, e vou me esforçar para quebrar o padrão e mostrar muita "jantinha" por aqui.
Mais uma declaração radical. Eu estou deixando de comer açúcar (sic). Espero que ninguém tenha caído da cadeira diante desta revelação. Sim, desejo parar com o açúcar mesmo, mas ainda não é um parar radical. Mas já estou reduzindo muito, substituindo açúcar refinado eu já substitui. Mas quero ir mais fundo, dar uma desintoxicada. Açúcar é um assunto longo e delicado, mas tenho tanta coisa para falar sobre ele que acho que preciso começar uma série de postagens sobre isso.
(Angu deliciosamente encoberto por uma nuvem verde de rúculas e espinafres do jardim)
(E com uma camada de salsinha fresca picada, também do jardim)
Mas, enfim, uma nova tendência se desenvolve por estas páginas, a começar pelo aparecimento de um número maior de pratos salgados, ainda que representados por fotografias cada vez mais mambembes. Sinto informar, mas a paciência para fotografar está me abandonando, equipamento novos e pesados já não me seduzem mais, me cansam... E enquanto centenas blogueiros de todo o mundo viram fotógrafos apaixonados a cada dia, eu, que já fui uma fotógrafa profissional, editora de fotografias da Agência Folha (de S.Paulo) por quase sete anos, assisto calada cair por terra o traje gasto do meu antigo ofício. E me desfaço dele sem dor.
O fato é que, para mim, nos dias de hoje, as fotos cansam, a estética dominante anda repetitiva e sem graça. Claro que eu produzo, reproduzo, faço parte da maioria, e compreendo a fascinação das pessoas, mas não me emociona mais e esta sensação me deixa um tanto paralisada. Inúmeras são as postagens que perdi para sempre em função das fotos que não consigo publicar e/ou deixei de fazer. A nível estético o que ainda me encanta na fotografia hoje é uma espécie de primitivismo, uma imagem quase que construída a mão e produzida artesanalmente por alguns poucos fotógrafos. Preciso de outra fotografia, uma foto que não serve para o blog. Crise quase que total.
Eu não gostaria de ver a fotografia voltar no tempo. Claro que não. Mas a repetição do modelo, quase viciado, criado a partir da facilidade proporcionada pela foto digital e seus truques de edição, me cansa... Gosto de uma foto mais primitiva, mais rústica, riscada, marcas de luz num papel...imagens sujas e tremidas. É estou noutra direção mesmo. Mas mudando de assunto....
As imagens de hoje saem como um parto, para constar, fazer número, desprovidas de tudo. O que elas deveriam mostrar? Uma imensa saudade do Rio de Janeiro. Uma saudade que dói, dói muito. Vontade de andar sobre pedras portuguesas, de comer comida de botequim. Vontade de respirar fundo e sentir o cheiro de ar muito úmido, vontade de pegar um temporal e sentir calor forte, calor de verdade. Vontade de cheiro de maresia, água de coco de verdade, línguiça frita, pastel, empada, croquete. Angu do Gomes. E aqui está. Angu do meu jeito. Angu com molho de carne moída. Sei que há quem prefira chamar angú de polenta, mas como carioca e brasileira orgulhosa que sou, essa bola eu não passo para os italianos. Não é o tradicional angú com sarapatel, é apenas a minha versão, para lembrar dos sabores do meu Rio de Janeiro. Para completar uma nuvem de verduras frescas, recém colhidas do nosso jardim: rúcula, espinafre e salsinha.
Angu com carne moída
Para o molho de carne moída
400g de carne moída (use a carne que preferir)
1 colher de sopa de óleo de coco extra virgem
1 cebola grande picada
3 dentes de alho grandes raladinhos
2 talos de cebolinha picada
1/4 de pimentão vermelho picadinho bem pequenininho
1 lata de tomates cereja em suco de tomate
4 a 6 colheres de chá de uma mistura de páprica, cominho, semente de coentro, curcuma, canela e pimenta do reino
salsa a gosto
200ml de vinho branco
300ml de água
sal a gosto
Como:
Primeiro prepare o molho e deixe cozinhar em fogo baixo para apurar bem. Em fogo alto esquente o óleo de coco, doure a carne, doure a cebola e o alho, cuidado para não queimar. Adicione o vinho, abaixe o fogo para médio, deixe a carne cozinhar um pouco até evaporar o vinho. Adicione os temperos, sal e a água e deixe cozinhar. Adicione mais água se precisar. Quando a carne estive no ponto adicione os tomates em suco de tomate e deixe ferver por uns 5 minutos (você não quer que os tomates quebrem. Quando estiver pronto adicione a cebolinha e a salsinha.
Para o angú
200g de farinha de milho para angú (fubá grosso)
1,5 litro de água ou caldo de legumes caseiro (nada de cubinho!!)
Sal a gosto
Como:
Enquanto a carne cozinha prepare o angú. Ferva 1,5 litro de caldo de legumes ou frango ou água com sal mesmo. Quando ferver adicione a farinha de milho, aos poucos e usando um fouet mexa bem para incorporar e não embolar. Abaixe o fogo pois quando ferver vai começar a espirrar. Deixe ferver por uns 10 minutos ou até que a massa solte do fundo da panela. Atenção para não agarrar e queimar. Sirva imediatamente com molho de carne da sua preferência e salada verde.
Comentários
Na minha terra (Recife) o nome também é angu muito antes de virar polenta.
Compreendo perfeitamente esta saudade do ar úmido, do calor, das comidas de botequim, da areia sob os pés, do cheiro de mar...
O seu prato deixou uma saudade no ar..
Beijos
Bom apetite e até breve!
Luiz
ótimo.Gostei.Bjos.
Bj Claudia e até breve!!!