Pêras holandesas, ameixas espanholas e as sobremesas de sábado



As sobremesas que vou fazer hoje estão tomando forma na minha cabeça e sobre a minha mesa da cozinha. Ainda não executadas mas estão a caminho. A coisa vai começar a rolar agora mas os ingredientes estavam tão bonitos que eu tive que dar uma atenção maior para eles antes de destroça-los e dedicar uma postagem toda as frutas do meu sábado. As estrelas do meu sábado são peras e ameixas vindas longe mas no seu melhor momento.




Estas peras são conhecidas aqui como conference e vêm exclusivamente da Holanda e da Bélgica. Esta pêra, imagino eu, deve ser produzida em toda a Europa mas por algum motivo somente as holandesas e belgas aparecem por aqui. Estas da foto são holandesas e são vendidas o ano todo variando apenas o preço que em novembro custa menos do que a metade do preço que custa o resto do ano.



Ameixas pretas espanholas, pequenas e doces. A cor dessas ameixas por dentro é linda. Servem para qualquer coisa. Bolo, tortas, pudins, geléias, compotas e sucos. A ameixa victoria é a tradicional aqui na Noruega mas as pretinhas espanholas são as que achamos com mais frequência. O preço também é alto.



A coisa do preço das frutas é um assunto sério na Noruega já que maioria absoluta das frutas(e dos vegetais como um todo) são importadas. O governo faz o que pode para garantir preços baixos e estimular o consumo de frutas e legumes por parte da população que como em outros tantos países do mundo como mal e engorda significativamente a cada ano. Mas a questão dos produtos importados é complicadíssima na Europa como um todo, inclusive na Noruega que não é da União Européia mas também é parte do problema. As leis de comércio internacional, a gana das grandes de supermercados e o protecionismo tradicional do mercado comum europeu embolam muito o meio de campo. O resultado são preços altos e populações acima do peso.

O fato é que este é um canto do mundo experimenta verdadeiras restrições ao crescimento de frutas tanto pelo clima como pela geografia. Apenas 3% do território da Noruega se presta a agricultura que, por causa do clima, pode ser cultivada apenas durante quatro ou cinco meses do ano. Os altos preços dificultam o consumo das frutas por parte da população mesmo diante dos altos salários pagos em toda a Escandinávia. Nem a produção local de maças, framboesas, mirtilos e morangos (tradicionais frutas daqui) são capaz de suprir a demanda da população norueguesa por estas frutas. O custo de um quilo destas frutas é impagável para a maioria da população já que todos querem comprar mas a produção local não é suficiente para atender a todos. E a população da Noruega é pequena, bem pequena, necessita de imigração constante para suprir a demanda de mão de obra. Tem mais eleitores registrados na cidade do Rio de Janeiro do que gente na Noruega inteira. Complexo, não?

Aguardem as sobremesas.

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