Novas fontes de energia para um ano novo em novo estilo...
Meus queridos, mais de seis meses depois, eu estou de volta. Ainda cambaleante, meio perdida, mas estou de volta. Sinto-me como um soldado ferido, que voltou de uma batalha sangrenta...
Mas estou inteira, me sentindo bem melhor fisicamente, feliz de estar aqui novamente, mas ainda emocionalmente frágil. Estou fazendo uma força imensa para conseguir escrever, sinto-me como alguém que foi amordaçado e ainda não conseguiu voltar a falar, mesmo depois de retirada a mordaça. Os emails e comentários simpáticos de vocês foram um alimento precioso na minha recuperação Para todos aqueles que não acompanham este blog há muito tempo, e não sabem muito de mim, um breve resumo para lembrar e continuar onde parei...
No final de 2012 minha vida sofreu um baque forte, meu pai morreu e, levada pela tristeza e pela revolta da perda, entrei num túnel escuro onde me escondi, me perdi e já não achava caminho de saída. Minha criatividade sofreu muito com isso e meus trabalhos também. Nesse meio tempo a minha dieta, que vinha mudando aos poucos, se radicalizou e causou uma reviravolta no meu estilo de vida e no do blog. Embora eu sinta-me melhor fisicamente, ainda estava bem perdida, já não sabia mais o que escrever e já tinha manifestado isso aqui. Afinal, quando a gente deixa de lado o açúcar, a vida começa a mudar em todos os sentidos, não apenas os hábitos alimentares e precisei rever posições e avaliar a importância de certas coisas para mim e para a minha família para ser capaz de escrever coisas que fizessem algum sentido. Está sendo difícil pacas, reordenar a vida e decidir onde e como me colocar e ainda não bati meu martelo em relação a diversos assuntos...
Por isso, ainda não estou 100% certa de como será este blog neste 2014 que já começou. Vou tentar contar minhas histórias, como antes, sem me tornar uma chata de galochas radical ou uma pregadora mala. Como eu não sou diabética, não tenho nenhuma alergia, não estou de dieta para perder peso e evito açúcar para me sentir bem e melhorar a condição geral do meu corpo, pensava em fazer um blog bem leve, relaxado. Mas o fato é que minha convicção de que os males do açúcar são muitos está cada vez mais forte e, por isso, a cada dia fica mais difícil para mim "dourar o açúcar" novamente. Caramelos, nunca mais, se é que vocês me entendem.
Aí, vocês me perguntam? Mas se você não é diabética, nem alérgica, nem nada, por que parar com açúcar?
Para evitar o os problemas digestivos e o mal estar que que eu desenvolvi depois de ter desenvolvido uma doença autoimune na tireóide conhecida como doença de graves. Minha dieta é o resultado de uma busca pessoal por uma alimentação que me ajude a viver melhor com os efeitos pós-doença e com os riscos do meu histórico familiar. Mas atenção: não recomendo, nem indico, meu estilo de vida para ninguém.
Mas se você não está bem, se você sente que sua alimentação é mais sua inimiga, do que amiga, se os alimentos que você consome não ajudam você a se sentir melhor, nem a viver bem, minha sugestão: Mude de vida, mas investigue os caminhos por sua própria conta. Use minha história como referência se for o caso, como inspiração para mudar de alimentação, mas descubra você mesma o que combina com o seu estilo de vida, com o seu corpo e faça da sua mente a sua aliada maior.
Qual o meu projeto?
Para mim, pessoalmente, a frutose está na raiz de todos os meus problemas digestivos e desejo reduzir ao máximo o consumo de frutose. Mas tenho trabalhado para zerar o uso de açúcar de mesa na minha vida. E por açúcar de mesa eu quero dizer (sacarose), aquele composto feito de uma molécula de glucose e uma de frutose. E comer o mínimo possível de frutose, o que inclui excluir adoçantes naturais como mel, xarope de bordo, agave etc... reduzir ao mínimo o consumo de frutas com alto índice de frutose (como uma ou duas frutas por dia ao máximo, em geral uma laranja), deixar de beber sucos de frutas prontos (já havia deixado há anos pois o ácido detona os dentes), frutas secas (todas) e alimentos que levem açúcar na sua composição como molhos de tomate com açúcar e afins. Comer menos pães e massas diversas, mas que sejam sempre 100% integrais, e substituitr as farinhas com glúten sempre que possível.
Neste processo passei pelo mais difícil de todos os meus desafios: deixar definitivamente de comer mel. A retirada do mel da minha vida merece uma postagem a parte pois mel era a "coisa doce" que eu mais gostava nesta vida. Mas ao invés de sentir tristeza por ter deixado de comer mel, eu me sinto aliviada pois descobri que o mel era o principal responsável pelo meu permanente mal estar digestivo pois era a minha principal fonte de frutose. Importante lembrar que apesar de natural e ser carregado de benefícios, alguns tipos de mel podem chegar a ter 55% de frutose em sua composição. Assim como outros xaropes supostamente naturais e saudáveis como o de bordo e do agave. Cuidado com eles!
Enfim, o açúcar estava me fazendo um mal horroroso e influenciou muito o meu rodamoinho de tristeza. Açúcar (sacarose), principalmente a parte frutose dele, me afeta de forma cruel, além de contribuir para os altos e baixo de energia que causavam um imenso mal estar na minha vida. O consumo de açúcar, destaque para a frutose, altera significamente a química do meu organismo e representa um risco a mais considerando o meu histórico familiar. É uma decisão difícil mas que vale a pena pois:
1. Açúcar desequilibra os níveis de açúcares no sangue (naturalmente) e bagunça com o seus hormônios de uma maneira geral, principalmente com a insulina;
2. Diversos estudos comprovaram que açúcar sozinho também pode causar doenças do coração;
3. Açúcar causa e alimenta infecções pois alimenta bactérias;
4. Açúcar alimenta células cancerosas e compromete o balanço natural de antioxidantes e mecanismos de defesa do organismo facilitando o desenvolvimento de uma série de cânceres;
5. Açúcar vicia e cria dependência e estudos demontraram ser mais viciante do que drogas pesadas como cocaína;
6. Açúcar engorda, causa diabetes e tem um papel importante no desenvolvimento da síndrome metabólica.
7. Açúcar bagunça o seu paladar e perturba o sabor natural dos alimentos. Até que você pare totalmente de comer açúcar você não será capaz de sentir o sabor naturalmente doce de uma série de alimentos, desde um simples copo de leite até um suco de maracujá.
E como substituir o açúcar? Como viver sem açúcar?
Em busca de dicas e informações para uma dieta sem açúcar, principalmente sem frutose, encontrei o trabalho de pessoas interessantes, entre elas o David Gillespie autor de vários livros e do blog Sweet poison que eu recomendo. É do David a arte acima sobre adoçantes e açúcares acima. O David divide os açúcares e adoçantes em três colunas: safe (seguros) na coluna da esquerda, your call (você decide) na coluna do meio e unsafe (inseguros) na longa lista na coluna da direita. Como pode-se ver, quando o objetivo é uma dieta sem açúcar e, principalmente, sem frutose, muito pouco é recomendado. O David não recomenda o uso de adoçantes, pois defende que só devemos usar glucose e suas várias versões: dextrose, xarope de glucose, maltose, maltodextrina e maltodextrose... Para o David, stevia, eritritol, xilitol e outros são uma opção pessoal, cada um sabe o que pode e o que não pode e os riscos que deseja correr. Mas eu acho que o David exagera no uso da dextrose e recomenda sobremesas demais.
Acho que para deixarmos de consumir açúcar devemos devemos deixar de lado o hábito de usar substitutos do açúcar, ou fazer isso o mais rápido possível também. Acho que o ideal é cortar açúcares adicionados e voltar a comer frutas como sobremesa, como fonte de açúcar.
Eu acho que no mundo perfeito todo mundo aboliria o hábito de adicionar açúcar e adoçantes pois esses não ajudam você a quebrar o ciclo da dependência do sabor doce. Por isso, use substitutos o mínimo possível pois eles também podem tumultuar o funcionamento do seu organismo. Mas tudo é uma escolha pessoal!
Uma breve descrição dos adoçantes que ainda uso:
Erythritol: Eritritol em português, é um poliol ( conhecidos em inglês como "sugar alcohols"). O Eritritol é um pó cristalino branco, menos doce que o açúcar, dá para fazer algumas coisas bem legais e dele o corpo não absorve nada.Também é encontrado misturado com stevia e comercializado com diversos nomes diferentes ao redor do mundo. Misturado com stevia é mais doce do que o açúcar, pelo menos duas vezes. Mas o fato de não ser absorvido pelo corpo pode causar um certo desconforto instestinal em alguns. Eu tenho usado o eritritol quando faço alguns tipos de bolo para as crianças, mas é um bolo bem menos doce que o normal. Bom para adoçar principalmente cremes e creme de leite batido em chantilly, pudins de baunilha e chocolate, panna cottas, iogurte natural. O sabor doce é bem suave e natural, se não deixa aquele sabor amargo como a maioria dos adoçantes. Eu acho que eritritol vale a pena, principalmente se usado uma ou duas vezes por semana. Mas teste sua resistência aos poderes laxativos do eritritol.
Stevia: É uma velha conhecida dos brasileiros, mas que foi liberada na Europa há cerca de três anos. Tenho usado muito pouco e apenas em gotas, para adoçar algumas coisas específicas e as crianças e o marido não se importam. Uso umas gotas de stevia no chocolate quente com cacau puro para as crianças e quando desejo bater creme de leite e/ou no iogurte grego natural. Eu tenho usado a Stevia em gotas, misturada com extrato de baunilha. A Stevia em gotas com extrato de baunilha também é ótima para dar um twist adocicado numa panna cotta, iogurte, cremes e mousse. Em geral em receitas que não precisam de consistência do açúcar...
Tagatose é uma incógnita para mim pois ainda é o mais desconhecido de todos os substitutos do açúcar (sucrose). Nas minhas primeiras experiências a Tagatose se revelou o melhor de todos, fácil de usar e o mais saboroso. A Tagatose que uso é um pó branco finíssimo, com aparência de açúcar de confeiteiro e de sabor igual ao açúcar, um pouco menos doce que o açúcar e perfeito para bolos e biscoitos. Tagatose é um açúcar produzido a partir da lactose e que tem sido muito bem recebido por aqui por conter pouquíssimos carboidratos e baixa caloria. A maior parte da Tagatose não é absorvido pelo corpo, no entanto, a parte absorvida é metabolizada exatamente como a frutose e não é recomendado para pessoas que tenham algum tipo de intolerância a frutose. Uso muito pouco, apenas para bolos e biscoitos para as criancas pois aguardo mais informações sobre esse tipo de adoçante. O quadro do David não lista Tagatose.
Xarope de malte de cevada e Xarope de malte de arroz integral são xaropes de maltose, uma variação da glucose que não contém qualquer frutose e são perfeitos para adoçar biscoitos e alguns tipos de bolos. São menos doces que açúcar pois não contém frutose e são perfeitos para substituir o mel na hora de adoçar iogurte, panquecas, waffles etc... Os xaropes de maltose (tanto de arroz como de cevada) não são menos calóricos mas mais saudáveis para quem busca uma dieta sem frutose.
Em breve volto com uma postagem onde conto mais ou menos como estou lidando com as farinhas e uma síntese dos grãos e sementes sem glúten que tenho consumido em família.
E feliz 2014 para todos!!!!
Comentários
Boa pesquisa essa sobre os açúcares.
Adorei essas suas fotografias, paisagens lindíssimas assim vestidas de branco bjs
e tenho certeza que vc terá forças para superar essa fase. Eu tb por outros motivos faço controle de açúcar. Bjs e Felicidades sempre.
Bom vê-la de volta, ainda que os rumos do blog pareçam incertos.
Também ando muito interessada em substitutos para o açúcar, embora ainda não tenha pesquisado profundamente sobre o assunto, ou esteja preparada para uma mudança radical. Mas quero fazer experimentos. Eu não tenho grandes problemas digestivos, a minha questão de tireóide e hormônios me afeta em outras frentes, mas quero mudar um pouco a alimentação que, embora não seja das piores (se comparada à do meu marido, por exemplo, um caso perdido), também não é das melhores. E agora tenho uma filhinha, que quero alimentar de uma forma saudável, mas realista.
Há todo um lobby anti-açúcar no momento (pelo menos aqui na Grã-Bretanha, onde os prognósticos da ocorrência de câncer entre a população num futuro próximo são alarmantes), portanto há muitas informações pululando por aí, às vezes contraditórias.
Por exemplo: gosto muito da medicina chinesa e toda a ênfase que deposita na alimentação no processo da cura. Já me tratei com ela e os efeitos desse tratamento foram duradouros, E, em várias dicas de dieta, num excelente livro que tenho, recomendado pela minha médica, o melaço aparece como um excelente ingrediente no tratamento de alguns males. E o melaço aparece na coluna dos açúcares perigosos do David Gillespie.
No seu caso, você detectou o problema e a causa, e tomou as medidas necessárias para administrar a sua doença e garantir um "melhor-estar". O que é ótimo.
Mas, pelo que tenho observado, as pessoas são afetadas pelo açúcar e outros venenos de formas diferentes -ou sequer são afetadas. Há pessoas que, teoricamente, comem mal a vida inteira e vivem por longos anos. E há outras, como a tia do meu marido, que passam a vida a comer de forma supersaudável, não bebem e não fumam, e morrem de câncer do pulmão (!!!!). A minha tia de 80 anos, come de tudo, fuma um maço de cigarros por dia (costumava fumar dois) e nunca teve nenhum problema sério de saúde, a não ser os naturais da idade (coluna, etc). A minha mãe, irmã dela, morreu aos 67 de enfarto sem nunca ter colocado um cigarro na boca e estar sempre em dia com os exames de rotina.
Não estou querendo dizer que não devemos nos cuidar porque, no final, os genes vencem e não há nada a ser feito. Mas, sim, que cada organismo é diferente, e que o que afeta um pode não afetar o outro. É um mistério, mas a cada dia surgem mais informações.
Acho importante consultar um nutricionista, muito. Eu estou retomando um tratamento de naturopatia, tinha começado mas acabei perdendo umas consultas devido a probleminhas domésticos, mas vou recomeçar do zero. É legal porque analisa o seu histórico médico e outras coisas mais para ver como certos alimentos são ou não apropriados.
Além de certas "bombas" genéticas que nem sempre podemos prever quando e SE irão explodir, acredito que grande parte da nossa falta de saúde, hoje em dia, vem de todos os pesticidas e outros venenos presentes nos alimentos. Ainda ontem estava lendo sobre isso aqui: http://www.theatlantic.com/health/archive/2014/01/a-heart-surgeons-viral-confession/283413/
Aqui na Inglaterra, por exemplo, onde a alimentação sempre esteve longe da ideal no passado (o que não mudou muito), eu vejo muitos octogenários para cima e para baixo, gente que pouco teve o que comer e que pouco toca legumes e afins. E estão vivos e bem. Talvez isso tenha a ver com o fato de terem tido acesso a alimentos menos envenenados, não sei.
Enfim, alimentação é um assunto fascinante e que tem vários pontos-de-vista e possibilidades.
Espero que venha aqui falar mais sobre o assunto!
Espero, também, que continue a encontrar forças para lidar com esse luto, eu sei muito bem o quanto é difícil, na pele.
Um beijo,
Dani
que bom que está de volta. Gosto muito do teu blog; acho que sempre me identifiquei com ele porque, como vc, também sou geógrafa e tem algo nele, na forma como vc escreve, nas ideias que vc compartilha que sempre fez me sentir acolhida; e, mesmo nesse tempo que ficou afastada, sempre voltava para rever algo, procurar alguma receita, etc. Espero que consiga continuar escrevendo e sempre nos enriquecendo com as informações que compartilha conosco.
(Gostaria de pedir licença para fazer uma perguntinha bem fora de contexto: aí onde vc mora dá para ver auroras? Vc já viu alguma vez?)
Abraços e tudo de bom pra vc e sua família.
Anita
Obrigada pelos comentários gentis e desculpe a demora em responder.
Dani,
O ser humano é uma engenhoca complicada e o ser humano moderno é a engenhoca complicada e deteriorada... Além da nossa complexidade natural, fomos nos envenenando com alimentos não naturais, processados, adulterados artificialmente de forma criminosa, seja na forma de amaciantes de pães, ou na de pesticidas e todos os tipos de agrotóxicos. O resultado é uma bomba que explode sem aviso.
Ainda que, algumas vezes, as receitas de desastre não ocorram da forma que se espera, como fumantes que não desenvolvem canceres, nem ataques do coração, não devemos duvidar. Uma das regras do jogo é que sempre haverá exceções. Além disso, o estresse, o fumante passivo, a depressão contam pontos na hora da doença...
Uma coisa importante é que os canceres ainda não foram totalmente explicados, sendo a herança genética um componente importante em muitos tipos de câncer. Daí a confusão.
Mas o problema hoje em dia é a proliferação de doenças autoimunes, como a que eu tive, que detonam as pessoas e se espalha como gripe. O crescimento dessas doenças, em especial as doenças AI do metabolismo, podem ser resultado dos pesticidas... Assim como alguns tipos de câncer.
Procure alternativas a medicina convencional, sempre, ouça os dois diagnósticos e avalie. A medicina convencional é muito dependente da indústria química que comanda a agricultura convencional e, por isso, tem reputação comprometida e conhecimento pouco neutro. O maior desastre é a condenação das gorduras enquanto o açúcar era permitido sem culpa. Enfim, é preciso usar o bom senso, sempre, e não acreditar em veredito algum, sem investigar antes. A ciência não é neutra, nunca foi, há muitos interesses por trás de tudo e dinheiro da indústria química e farmacêutica financiando pesquisas científicas diversas.
Beijos.
Torço para que o tempo amenize tua saudade e que aos poucos possa se reestabelecer...
Continue com o blog!
Tenho um também, se quiseres conhecer:
http://emagrecendocomdietadukan.blogspot.com.br/
bjos
Lisi
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