Iscas brasileiras (I): Raivinhas



Uns dias atrás a Luciana me deixou feito louca depois que ela publicou no blog dela a receita de raivinhas, um biscoitinho maravilhoso do Rio Grande do Norte. A Luciana achou a receita de raivinhas na revista Globo Rural, numa matéria sobre as boleiras de Jardim do Seridó, no sertão do Rio Grande do Norte. Raivinhas é o nome íntimo do biscoito raivas de coco que é simplesmente irresistível, super delicioso. Uma isca que fisga as pessoas. É que na região do sertão do Seridó isca é sinônimo de biscoitos. Eu, claro, amei a idéia das boleiras de chamar biscoito de isca. Eu queria mesmo um nome mais brasileiro e vou adotar. E resolvi que vou atrás de umas outras receitas de iscas brasileiras para fazer para as crianças aqui em casa e, quem sabe, publicar aqui.



A receita das minhas raivinhas é uma adaptação da receita de Dona Cota, de Jardim do Seridó, também publicada pela Luciana e pela revista Globo Rural. Eu reduzi bastante a receita e ela funcionou certinho. Nunca vi uma massa de biscoito tão boa de se trabalhar, fácil, macia, uma perfeição. E o resultado ficou uma maravilha, eu nem tenho palavras para descrever. Eu sempre fui louca por sequilhos de polvilho e as raivinhas são uma versão melhorada dos sequilhos, mais densa do que sequilhos pois leva leite de coco e gemas.



Raivinhas são o biscoito perfeito. Além de gostosas não são muito doces, não esfarelam demais, derretem na boca e tem aquele sabor de infância. Essas raivinhas me levaram de volta no tempo pois é o tipo de biscoito que eu mais comi na minha vida, com outros nomes, claro. Um biscoito brasileiro nato, uma perfeita isca. Fiz uns com um ninho no centro e coloquei umas lasquinhas de goiabada e a coisa funcionou muito bem. Com as raivinhas a coisa simplesmente não dá errado.



Raivinhas

250 gramas de polvilho azedo (se preferir use o polvilho doce)
125 gramas de açúcar
65 gramas de manteiga em temperatura ambiente
50 ml de leite de coco
1 gema
pitada de sal

Pré-aqueça o forno a 180C. Forre uma forma retangular com papel manteiga e reserve. No pote de uma batedeira ou a mão bata manteiga com o açúcar até formar uma creme bem liso e fofo. Adicione a gema e bata mais um pouco. Peneire o polvilho e o sal e adicione metade do polvilho. Adicione o leite de coco e por fim a outra parte do polvinho. Usando as mãos mexa bem até formar uma massa homogênea, ultra macia e que não gruda nas mãos. Forme bolinhas pequenas, pequenas mesmo pois o biscoito cresce e pressione as bolinhas com o garfo para formar umas marquinhas. Asse por 15 minutos ou até ficarem levemente douradas na parte de baixo.

Rende cerca de 60 raivinhas



Como o pão de queijo e todas as receitas que tenham como base o polvilho, i.e. amido de mandioca, as raivinhas não contém glúten e por isso são indicads inclusive para pessoas alérgicas a glúten.



Eu acabei de descobrir que hoje é o aniversário da Luciana. Engraçado pois eu fiz a receita que ela apresentou, da terra dela e pensei muito nela hoje, o dia inteiro. Foi uma conexão a distância. Feliz aniversário, Luciana!

Comentários

Unknown disse…
Minha linda amiga, essas raivinhas encontro nos supermercados e são realmente tentadoras!! As raivinhas que eu encontro por aqui são bolinhas pequenininhas que você começa a comer e quando percebe já comeu o pacote todo,rsrs. Experimente comer essa delícia tomando um café, hummmm.... Perfeito!

Vou anotar sua receita também para tentar fazer qualquer dia com goiaba.

Beijão
Claudia,
Há muito tempo não faço biscoitos ou bolachinhas. Como sempre gostei de sequilhos, juro que fiquei com vontade de fazer essas suas raivinhas. Devem ser deliciosas.
Beijo
Dani disse…
Nossa. Estes são exatamente os biscoitos que a minha mãe fazia, até as marquinhas... Mas ela só os chamava de sequilhos de côco... Entre as coisas dela, jamais encontrei a receita.
Obrigada!

Um abraço
Gina disse…
Cláudia, não conhecia esses biscoitos por esse nome. Estou com um pacote de polvilho azedo praticamente cheio e acabei de encontrar uma boa finalidade para ele.
Bjs.
Verena disse…
Claudia, esse nome é ótimo mesmo!
Fico imaginando que loucura esse pote de iscas por aqui...com esse tempinho chuvoso e frio não sobraria nenhum para contar história!
Um beijo grande!
Camila Hareide disse…
A Luciana já tinha me deixado com água na boca, mas deixei a idéia de lado porque não tinha idéia de onde encontrar polvilho de mandioca aqui...

Tô com vontade de invadir sua foto e me refestelar... Pelamordedeus me conta aonde você acha o polvilho?

abs
Camila
Claudia disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Claudia disse…
Ana,

Com goiabada é facílimo, faz a bolinha de massa, afunda com o dedão e coloca um pedacinho de goiabada. Fica demais, mas amolece o biscoito mais rápido tem que comer no mesmo dia. Bj.

Heloísa,

Eu sempre amei sequilhos, no Rio a gente comprava na feira e eram bons demais. Bj.


Dani,

Os sequilhos de coco levam coco ralado as raivinhas, que são uma espécie de sequilho, não levam coco ralado, mas leite de coco. Já os sequilhos não levam gemas, as raivinhas sim. São muito parecidos mas diferentes, hahaha! Farte-se.


Gina,

Este nome maravilhoso, raivinha, é bem regional, acho que só o povo do Rio Grande do Norte chama assim, talvez em outros cantos do sertão, mas é lindo, não? Melhor uso para o polvilho se você não vai fazer pão de queijo... Bj.


Verena,

Olha, uma perdição. Estou tentando fazer uma dietinha de verão e me joguei nas raivinhas. Um horror de tão boas... Bj.

Camila,

Aqui em Trondheim eu acho polvilhos nos vários mercadinhos de chineses e vietnamitas. O polvilho que vende aqui é do azedo apenas e vem da Tailândia. Tem o mesmo cheiro e sabor dos do Brasil. Bj.


Claudia
Claudia Lima disse…
Eu não conhecia o biscoito, nem o apelido para variar.
Eu acho que a minha mãe nunca assou um biscoito em toda sua vida. Lá em casa era só dos comprados prontos.
No sul chamamos de bolachas. Este sempre foi o "prato" favorito da minha irmã. Era bolacheira!
Tem muita coisa da Culinária Nordestina que a gente nem sabe que existe, quando mora no sul.
Por isto, hoje em dia, esta interação entre os blogs ajuda a gente a aprender uma porção de coisas novas.
Esta receita deve ser divina: Biscoito que a massa não gruda na mão, derrete na boca e ainda com gostinho de côco... Me socorram!
Obrigada por partilhar!
Bjs :)
Cininha disse…
É eu que pensava que iscas á brasileira era mais ou menos o mesmo que á portuguesa!!!(figado frito) e encontro bolinhos hehe a diversidade e a lingua são muito traiçoeiros hehe
Pela descrição deliciosa, gosto bem mais destas iscas do que as nossas :-), vou anotar, porque já tenho na lista esse polvilho para experimentar pãozinho de queijo :-)
Susana Gomes disse…
Que coisa boa!
Achei o nome bem curioso.
:)
Isabel disse…
Eu vi no blog da Luciana quando ela falou desses biscoitinhos, fiquei curiosa para conhecer o sabor.
Como a Alcina disse, iscas, aqui em Lisboa é fígado frito rsrsrs
Bjs
Ana Canuto disse…
Oi Cláudia.Cheguei aqui pelo blog da Neide Rigo, pela manhã.
Como tinha todos os ingredientes em casa fiz a receita na minha hora do almoço e tá mais que aprovada. Não posso deixar de dizer que costumo subverter a maioria das receitas e não foi diferente com essa, pois diminui açúcar, aumentei leite de coco e no final....hummmmmm delícias e mais delícias.
Muito obrigada e um beijo da Ana.
Luciana disse…
Cláudia, obrigada pelas felicitacões, e hoje eu vinha da praia exatamente pensando em você e lembrando que não tinha visto suas postagens subir, achei que você não tivesse postado, e quando abro estão esses dois posts maravilhosos. Menina, você tem talento demais, as raivinhas ficaram super show, me deixou aqui com água na boca. Quem me dera audácia pra arriscar fazer, ainda arrisquei os sequilhos, mas ficou mais pra receita das suas raivas, pois dei uma adaptada, mas isso já tem uns dois anos. Tenho que tentar de novo.
Obrigada mais uma vez pelos parabéns.
Beijo
Unknown disse…
Oi Claudia, Dona Cota é minha mãe, me criei saboreando estas delicias, raivas, sequilhos, biscoitos palito, bolos e outras guloseimas, que minha mãe aprendeu com minha avó, que aprendeu com minha bisavó, fiquei feliz por você ter adaptado a receita, mais lhe confesso que a receita original como fui acostumada não existe igual em lugar algum do planeta terra, obrigada
Cris Ramos disse…
Muito,muito obrigada!!!Há teeeemmmpos eu procuro uma receita de sequilhos na internet,mas achei-as muito complicada,com isso de escaldar o polvilho...Tinha medo de errar.Vi sua receita e tentei na mesma tarde.Um sucesso!!!Amassa foi tão fácil de preparar que o meu filho de 4 anos não teve dificuldade nenhuma de me ajudar a formar as "raivinhas".E eles ficaram uma delícia.Não duraram 2 dias.Mais uma vez obrigada pelas receitas e parabéns pelo blog : )
Claudia disse…
Cris,

O mérito da receita não é meu, é da Dona Cota lá de Seridó, Rio Grande do Norte. A receita dela é perfeita.


Abraço,

Cláudia
Mario Soares disse…
Essas raivinhas me fizeram uma raivinha rsrs fiz as bolinhas e modelei com o garfo mas no forno elas se espalharam perderam toda a forma e virou uma massa só, depois de assado tive que tirar tudo com uma espatula. Alguém pode imaginar aonde errei? Aconteceu a mesma coisa quando tentei fazer sequilhos.
Bem detalhes da operação:
* Não usei papel manteiga, usei forma untada;
* Usei manteiga de garrafa, mas quando fiz os sequilhos usei margarina;
* Aqueci o forno enquanto preparava a massa, inicialmente a 205º₢ depois voltei para 180ºC.
Unknown disse…
Claudia, sou apaixonada por esse biscoito moro em Brasília mas meus pais são de caico e sempre que alguém vai encomendo minhas raivinhas. Procurei a receita por acaso e achei esse blog. Que felicidade! Você usa o açúcar cristal ou refinado?! Obrigada!

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